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Pulga

Pulga | Pulgas

As pulgas convivem com o ser humano há muito tempo. Um momento especial em que esses insetos estiveram presentes na história da humanidade foi durante a idade média, quando houve surto da peste negra, doença responsável por uma das mais trágicas epidemias que assolaram o mundo ocidental. Conforme alguns pesquisadores, a doença é originária das estepes da Mongólia, onde pulgas hospedeiras da bactériaYersinia pestis infectaram diversos redores que entraram em contato com zonas de habitação humana. Na Ásia, os animais de transporte e as peças de roupa dos comerciantes serviam de abrigo para as pulgas infectadas. O intercâmbio comercial entre o Ocidente e o Oriente, reavivado a partir do século XII, explica a chegada da doença na Europa.

Biologia das Pulgas

Segundo a taxonomia, ciência que trata do estudo, classificação e descrição das espécies, as pulgas são animais pertencentes ao Filo Arthropoda (animais com patas articuladas e exoesqueleto de quitina), Classe Insecta (possuem 3 pares de patas, 1 par de antenas e corpo dividido em cabeça, tórax e abdome), Ordem Siphonaptera (siphon = tubo; áptera = sem asas), com mais de 2.400 espécies conhecidas. No Brasil, já foram identificadas cerca de 56 espécies. Para diferenciar umas espécies das outras, os cientistas se baseiam, principalmente, nas numerosas cerdas presentes na cabeça, atrás das antenas, e nas localizadas próximas à boca.

Hábitos das Pulgas

As pulgas adultas são hematófagas obrigatórias, ou seja, alimentam-se exclusivamente do sangue retirado de seus hospedeiros, os quais são aves e mamíferos, incluindo os humanos. Devido a essa relação de prejuízo para o hospedeiro (que tem seu sangue sugado) e de vantagem para a pulga (que se alimenta do sangue do hospedeiro, prejudicando-o), este inseto é considerado um parasita, que, por viver na parte externa do corpo do hospedeiro, é chamado de parasita externo ou ectoparasito. Durante a fase larvária possuem hábitos de vida livre.

Algumas espécies apresentam um hospedeiro específico; outras, embora apresentem hospedeiros preferenciais, podem sugar outros animais, daí sua importância na transmissão de doenças.

Espécies mais Importantes e Onde Vivem

– Pulex irritans
– Xenopsylla cheopis
– Ctenocephalides canis e Ctenocephalides felis
– Tunga penetrans

Ciclo de Vida das Pulgas

Em seu ciclo de vida, a pulga passa por quatro estágios de desenvolvimento: ovo, larva, pupa e adulto.

O acasalamento geralmente ocorre no hospedeiro, e com apenas um acasalamento inicial a fêmea é capaz de pôr cerca de 500 ovos divididos em várias posturas de seis ovos ou mais. Estes ovos são normalmente depositados no próprio hospedeiro e por não serem pegajosos caem sobre o solo ou sobre outros locais aos quais o homem e/ou outros animais têm acesso.

Doenças Causadas pelas Pulgas

Pulgas são causadoras de doenças

As pulgas de importância em Saúde Pública são:

– Xenopsylla cheopis
– Pulex irritans
– Polygenis tripus e P. bohlsi
– Tunga penetrans

Podem causar doenças atuando como parasitas, transmissores (vetores) ou como hospedeiros intermediários. Observação: hospedeiro intermediário ocorre normalmente em doenças parasitárias, em que o parasita necessita passar por dois hospedeiros, um definitivo (onde ocorre a fase sexuada do ciclo evolutivo) e um intermediário (onde ocorre a fase assexuada do ciclo evolutivo).

Pulgas atuando como parasitos

Causam espoliação sanguínea, por alimentarem-se do sangue do hospedeiro que, no caso, pode ser o homem. Existem várias espécies que continuam a exercer a hematofagia mesmo após repletas. Animais de pequeno porte ou crianças podem desenvolver anemia, no caso de parasitismo intenso.

Provocam irritação da pele devido à picada, podendo causar alergias e irritação da pele com prurido (coceira). Podem causar lesões na pele nos locais da picada, com possível veiculação de doenças oportunistas: tétano, gangrenas gasosas e micoses. Essas doenças serão melhores explicadas à diante.

Pulgas atuando como transmissoras ou vetores

Transmitem para o homem riquetsioses (infestações responsáveis pelo tifo murino) e doenças bacterianas, como peste bubônica, tularemia e salmoneloses.

Pulgas atuando como hospedeiros intermediários

Atuam nos ciclos evolutivos de protozoários, cestódeos e nematódeos, sendo que desses, o que pode desenvolver doenças no homem é o cestódeo Hymenolepis nana, que causa a himenolepíase, doença que provoca alterações intestinais.

Peste bubônica

É preciso estar atento quando há grande mortalidade de ratos, pois uma vez que seu hospedeiro natural está morto, as pulgas passam a procurar novos hospedeiros. O contato de ratos com animais domésticos facilita a entrada da moléstia para o ambiente domiciliar e desse modo, é necessário que se evite o contato de ratos urbanos com cães e gatos domésticos. Além de serem transmissores, os felinos também podem manifestar a doença.

O principal sintoma é a formação de bubões, que são inflamações dos linfonodos, pela presença dessas bactérias. A forma mais grave é a pulmonar, que ocorre quando essas bactérias alcançam o pulmão, e tem 100% de letalidade.

Profilaxia (Prevenção): deve-se fazer a desratização acompanhada de despulização, isto é: morte dos ratos acompanhada da morte das pulgas. Pode-se empregar a anti-ratização, que consiste no afastamento dos ratos das áreas urbanas e do domicilio, deixando estes locais inviáveis para o desenvolvimento dos mesmos.

Tifo Murino

A palavra typhu é derivada do grego e expressa o estado confuso e nebuloso, mental, que ocorre durante a doença. É causada pela espécie Rickettsia typhi, que é eliminada pelas fezes das pulgas Xenopsylla cheopis, sendo transmitida quando estas exercem hematofagia. Quando a pulga alimenta-se há defecação e, quando o material contaminado entra em contato com o sítio da picada, desenvolve a infecção.

Doenças rickettsiais têm ampla distribuição mundial e já causaram a morte de pesquisadores que atuaram na área. Essas mortes podem ser explicadas pelo fato de a infecção poder ser transmitida através das mucosas conjuntivas e nasais quando em contato com aerossóis, em laboratório.

O reservatório da infecção é o rato e o ciclo normalmente é mantido (pulga – rato – pulga). A doença ocorre principalmente em indivíduos que trabalham em locais onde existem muitos ratos, como docas e armazéns de cereais, de modo que as pulgas que parasitam esses ratos são capazes de parasitar o homem, e são transmitidas por contato e proximidade.

 “Bicho de pé”:

É causado pelo parasitismo por Tunga penetrans, cuja fêmea penetra nos tecidos, e alimenta-se deste e do sangue, enchendo-se de ovos. Esta espécie é a menor encontrada dentre as pulgas, e causa lesões cutâneas numerosas com intenso prurido. Essas lesões costumam estar próximas entre si e localizar-se no calcanhar, sendo conhecidas como “favo de mel”. Em alguns dias todos os ovos são eliminados e a fêmea morre e sai ou é destruída pela reação do hospedeiro.

As feridas causadas pelo prurido e pela penetração de Tunga penetrans podem ser responsáveis pela veiculação mecânica de tétano, micoses e gangrena gasosa

Combate às pulgas

O combate é feito através de medicamentos usados nos hospedeiros, que normalmente são os cães, e de pulicidas usados no ambiente. O combate às pulgas que infestam os cães é feito através de xampus, microcápsulas, talcos, coleiras e gotas com pulicidas. No interior dos domicílios a aplicação de inseticidas deve ser realizada em locais comumente habitados por estas, como frestas, carpetes, tapetes, paredes e piso.

É importante que antes da aplicação as crianças e animais de pequeno porte sejam afastados e que todos os produtos alimentícios sejam cobertos e protegidos do inseticida. A volta ao domicílio só pode ser feita após intervalo e ventilação.

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